O canário engaiolado,
longe das Ilhas Canárias,
olha o trânsito da cidade
e canta para ninguém.
Não, não mais lamenta estar preso,
já testemunhou vários suicídios.
Lamenta, talvez,
sua pequenez de canário.
O rapaz lhe trás água e comida,
sorri e faz carinho.
O pássaro come e bebe,
um gosto amargo de jiló.
Percebe e inquieta-se, faz alarido,
debate-se no pequeno espaço.
Depois se acalma e se cala,
nada mais por fazer.
O canário olha a janela e sabe,
aquele é um pássaro que não voa.
Inicia um canto de despedida
enquanto estraçalha-se
nas grades da gaiola.
domingo, 20 de julho de 2008
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